Matérias-primas nacionais e referências nordestinas sem estereótipos viram tendência

Nordeste aparece como ponto central nesse resgate à cultura e à história através da moda

O Brasil é um país de dimensões continentais, permeado por uma série de pluralidades que abrangem desde aspectos paisagísticos e climáticos até a parte histórica e cultural. Tratando-se especificamente de cultura, percebemos o quanto o sotaque, a gastronomia e os costumes vão variando conforme cada região.

Exemplo disso é o Nordeste, região formada por nove estados brasileiros, que tem muito a nos ensinar enquanto nação. Analisando mais especificamente o aspecto da moda, percebe-se um verdadeiro boom na criação de peças que mesclam referências nordestinas, como modelos de bolsas e calçados.

O diferencial aqui é que essa nova moda aparece com os clássicos estereótipos associados a essa região do Brasil. Na verdade, a ideia é utilizar elementos e técnicas que fazem parte da cultura local sem perder de vista as necessidades atuais e as possíveis atualizações. Confira a seguir.

Um outro olhar para o Nordeste

Antes de mais nada, é preciso dizer que, ainda hoje, há uma visão distorcida do que é, de fato, o Nordeste para outras regiões do Brasil, especialmente para o Sudeste e o Sul. Isso porque, historicamente, o espaço que envolve os nove estados nordestinos é marcado por desigualdades sociais.

Por muito tempo, a região foi renegada por diversos governos até ser, de fato, tratada de modo digno — especialmente a partir de 2003. A valorização de diferentes setores, a industrialização local, a transposição do Rio São Francisco e os investimentos em programas sociais deram à região uma nova cara.

Entre 2003 e 2013, o índice de desenvolvimento do Nordeste foi de 4,1%, superando o Brasil, com 3,3%, segundo o Banco Central. Na educação superior, houve um salto de 413.709 universitários em 2000 para 1.434.825 em 2012, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Mesmo com todas essas melhorias, no entanto, ainda há quem acredite que o Nordeste é a região onde há seca, pobreza extrema e falta de educação, ou que lá seja o local ideal apenas para se “passar as férias”. Rever esse olhar preconceituoso e reduzido é, pois, algo urgente.

Nesse sentido, a moda aparece como potência inovadora, sendo capaz de reinventar e ressignificar as raízes culturais e históricas do Nordeste, sem perder de vista o respeito e a valorização local.

Moda para além dos estereótipos

Essa união entre o passado, o presente e o futuro se revela na criação das peças dessa nova geração de artistas do mundo da moda, que tem o Nordeste como o seu berço e a sua referência central. O destaque vai para a não confirmação de estereótipos e reduções errôneas sobre a cultura nordestina.

A ideia é conseguir mesclar essa potencialidade própria de cada estado — são nove, ao todo: Bahia, Sergipe, Alagoas, Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba — e da região como um todo, sem perder de vista aquilo que é atual, moderno e potente no universo da moda.

Exemplo disso é a recente parceria entre a empresa varejista Magazine Luiza e a plataforma Nordestesse que, de acordo com Silvia Machado, diretora Executiva de Moda e Beleza do Magalu, visa “fomentar a moda nacional e promover visibilidade e suporte para pequenos empreendedores”.

Acessibilizar o acesso a essa moda plural advinda do Nordeste é algo completamente novo e democrático. A seguir, conheça algumas das marcas presentes na parceria.

Catarina Mina

A marca cearense de bolsas de crochê surgiu em 2005 e, atualmente, tem criações espalhadas por quase 20 países afora. Sua fundadora, Celina Hissa, ressalta o valor do artesanato e da artesã como centrais para o projeto.

Dendezeiro

Diversidade é a palavra central da marca Dendezeiro, criada pelos baianos Hisan Silva e Pedro Batalha. Para tanto, ela busca o protagonismo negro e indígena para o universo da moda.

DePedro

Baseada na tradição de rendas e crochês, a grife de Marcus Figueirêdo pretende resgatar esses elementos tão simbólicos na cultura regional em peças de roupas cheias de potência e inovação.

Gonzalo

Vivências familiares e aspectos culturais do Ceará fazem parte das inspirações da marca de bolsas criada pelo casal Walber Góes e Rodrigo Bessa. Elementos como couro, crochê, palha e vinil são centrais na composição das peças. 

Meninos Rei

A grife criada pelos irmãos Céu e Júnior Rocha busca unir um resgate das raízes históricas africanas ao que hoje chamamos de afrofuturismo. Com muita cor, modelagens extravagantes e ricas, o Meninos Rei é marcante e forte.

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